Inclusão e cooperação através do ensino da música

“I’ve heard there was a secret chord”. Traduzida para o português a frase significa: “Eu ouvi que havia um acorde secreto”. É assim que começa a letra de Hallelujah (Aleluia), de Leonard Cohen, uma das músicas tocada em flauta doce pelos alunos do 5º ano da Escola “12 de Maio”, de Bom Princípio. Ela foi extraída do filme Shrek, e as crianças a ensaiam desde o início do ano, nas aulas de música da professora Mariliane Dessotti, a Nina.

No início do ano passado, os estudantes conheceram o instrumento flauta e começaram a tocar. Mas os acordes, para uma das alunas ainda eram secretos. Adriana Ellen Altmann, 10 anos, demorou um pouco mais para participar das aulas por ter uma deficiência visual. “Atrás do olho passam umas veias pequenas e as minhas estão fechadas. Eu já nasci sem visão”, afirma ela.

Estudante da escola “12 de Maio” desde o 1º ano, só passou a contar com o auxílio da monitora Tais Lander a partir do 3º durante as aulas.

Além da profissional , a aluna sempre teve o apoio e ajuda dos colegas desde a chegada até a saída da escola. A professora Nina Dessotti sugeriu que a cada dia da semana, um grupo de colegas sentasse com a Adriana durante o recreio para ensinar uma música. Ela explica que percebe o progresso da turma a cada aula e destaca o trabalho coletivo, “ Esta integração foi de extrema eficácia para o desenvolvimento da aluna e do grupo como um todo”.

Segundo Nina, hoje a turma já tem no repertório cerca de 20 músicas. Tais, que acompanha Adriana nas aulas de terça a sexta-feira, ressalta a questão da adaptação. “A Adri se adapta a eles, mas a turma também se adapta a ela”, afirma.

A proposta de tocar de olhos fechados

Diferente dos colegas que podem acompanhar as notas nas partituras, a aluna Adriana precisa decorar todas elas para tocar. Neste ano a turma teve mais um desafio, além de ensinar músicas para a colega, Nina Dessotti propôs que todos tocassem uma música de olhos fechados. A canção proposta foi Cai Cai Balão, considerada fácil, que se tornou complicada pela limitação imposta. “Agora eles já fecham os olhos para acompanhar outras músicas também, por conta própria”, ressalta Nina.